A viagem arquetípica do amor nas sendas do tarô
O louco na busca de si mesmo
Estamos na estação da vida onde tudo começa, acomode-se no trem, durante o percurso faremos muitas paradas, esteja atento, poderá ser o momento de ficar em uma das estações que a vida lhe propor e pedir ajuda ao arcano que lhe abrir a porta o caminho que deve percorrer para chegar ao seu destino. A vida é desafio, sinta-se desafiado a viver intensamente cada fase que ela se apresenta, poderá ser agraciado com o amor do tamanho do mundo.
“Pulsa o coração de um louco na busca do recomeço perseguindo o amor. Viver é uma arte. E, como toda arte, é necessário treino diário e constante. Nenhum artista nasce pronto, mas possui todas as ferramentas para desenvolver seus dons e talentos. Somos seres inacabados, nada funciona de maneira automática, precisamos descobrir como ativar cada engrenagem e usar todas as ferramentas que dispomos, não há manual de instrução, por isso arriscamos ir de encontro ao desconhecido. Cada um vai se moldando naquilo que põe maior esforço e dedicação.” Louco é seu nome, livre para ser notado em qualquer parte da jornada, podendo assumir diferentes valores em nossa vida, assumir duplo papel de fechar e abrir o ciclo, de se perder nos caminhos do coração, errando tentando acertar. É o bobo que nada sabe sobre si, caminhando a esmo, por outro lado é ele o sábio que tendo mergulhado no abismo da dor humana, ressurge renascido, disposto a retomar e escrever uma nova história e novas paixões pelo simples prazer de viver.
Agora ele nos convida a jornada arquetípica da alma em busca do amor eterno.
O louco já se encontra situado entre o Mago no início da jornada e o mundo quando um ciclo se fecha o convidando para outras escolhas, o lançando na posição do Mago mais uma vez e esse ciclo segue por uma existência e ainda depois, nos lembrando que a vida é um eterno recomeço onde estamos aqui nada mais do que para aprender e que nós todos contemos tudo em nós. Filhos de Deus e da Deusa, do pai e da mãe, trazemos a mesma genética espiritual e só temos propriedade a partir da experimentação de quem somos para nos tornarmos o que queremos ser. Lembre-se que o louco é o divisor de águas. Um ciclo se fecha e um novo se abre. “Deixa a vida me levar, vida leva eu”.
Mago - o surgimento da personalidade, individualidade e espírito. Somos nós seres humanos concebidos com todas as habilidades, com ligação direta pelo coração e impulsionados pela razão, trabalhando na matéria em busca da iluminação e da perfeição. Tentando encontrar a si mesmo se lança ao fascínio da vida, com toda a criatividade, iniciativa, coragem e ingenuidade. Descobre o amor e com ele a inquietação que o remete aos questionamentos acerca de quem é. Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? O que realmente move minha vida? O que faço quando a dor parece insuportável? Onde está Deus quando me encontro perdido? Quantas vezes eu terei que morrer para vencer o diabo que habita em mim e me afasta do que mais quero o amor, a felicidade e eternidade? “Quem nós pensamos que somos determina os caminhos que tomamos e as experiências que vamos atrair ao longo da vida”.
A SARCEDOTISA – na busca de respostas vai de encontro à papisa, luz do conhecimento, a inteligência unificadora, a ligação com o divino e a carne, a espiritualidade, a existência e a possibilidade de libertar-se e dizer o que deseja, de confessar a pessoa amada o que está sentindo. Ele precisará compreender que este caminho é difícil, deverá investir em seus potenciais, acreditar que o amor é possível e lançar mão de todo conhecimento e intuição para conquistar a pessoa amada ou poderá alimentar o amor platônico. São os véus de Isis sendo revelados (noite), os mistérios dos desejos carnais contidos em seu corpo. A inquietação que pede calma, é ação pela não reação para ouvir seu coração ou poderá se tornar hostil e se fechar ao convite que a vida faz para se apaixonar, amar na entrega e usar de toda sua sensualidade e desejo sexual que pulsa entre o pecado e a pureza.
Não se deve olhar para o sol sem protetor, mas se pode olhar para lua. A lua pode remetê-lo a viver paixões ocultas por medo de revelar-se a luz do dia. Para viver relacionamentos saudáveis e definitivos precisa se libertar do céu e inferno das paixões proibidas, da dualidade da existência humana e experimentar relacionamentos naturais sem ilusões. “Nem sempre atraímos o que desejamos, mas sim o que irradiamos. Quer um amor verdadeiro? Mude seu comportamento e atitudes”.
A relação entre o mago e a papisa é de complemento, se ele é ativo, ela é receptiva, Ele é a ação e ela a reflexão, ele é o movimento, ela é o repouso, o binômio Yang-Yin, levando ao mago experimentar outra maneira de perceber o mundo, e a consciência de que o caminho está só no começo, pela primeira vez experimenta as dificuldade e a certeza de que precisará de determinação para o que está por vir.
A Rainha ( Imperatriz ) - Depois de libertar-se de relacionamos ocultos, do desejo de viver na luz do dia os seus amores, entra na energia da rainha buscando o bem estar, a sabedoria, o controle. Descobre agora que sabe o quer, só não sabe ainda como chegar. Inicia o uso da consciência e da inteligência para conquistar um novo amor, no entanto, torna-se mais racional do que emotivo, senso prático e apesar de continuar a buscar o prazer da carne, reluta em entregar seu coração, assume certo controle sobre os sentimentos. Consciência expandida sobre o que quer dos seus relacionamentos, mas tudo permanece no mundo da mente e perde a conexão direta com o coração. Seu novo desafio: Como atrair para si um relacionamento poderoso, equilibrado, seguro e por isso acredita que é nossa mente que nos dá poder. “Evento é um evento – as coisas só existem a partir do momento que eu dou permissão para continuem a influenciar minha vida. Dependendo como eu vejo os eventos gera pensamentos, sentimos, ações e posturas diferentes da busca do coração.
O Imperador – é o encontro do poder, do controle dos próprios sentimos e do parceiro, de quem dita à regra e diz como tudo deve funcionar, é o momento em que a razão é soberana sobre os sentimentos se tornando frio e calculista a maior parte do tempo. Inicia-se o confronto da forma racional e sentimos não expressos. Esses sentimentos retidos podem regar solidão, frieza, egoísmo, quando na verdade quer gratidão, carinho e amor. Esse conflito poderá tirá-lo de sua meta principal. “Eu tenho e me apodero do outro, quando tenho posso perder por deixar de reconhecer o seu valor”. Por fora o senhor de todas as coisas, por dentro se torna prisioneiro da sua própria muralha criada pelo ego, uma edificação começa a ser construída entre a entrega e o controle.
O Papa – adverte que é necessário voltar-se para alma e refletir sobre o caminho que está tomando, onde a doçura e o amor são fundamentais para construir um relacionamento saudável, um casamento e uma família. É hora de expandir a consciência e levá-lo ao diálogo consigo mesmo e a vida. O que de fato quer ? Podemos enganar aos outros, mas não a nós mesmos. “Querer não é poder, é apenas um pensamento, então se quer algo vá atrás, se entregue, mergulhe na experiência do amor verdadeiro”. Quanto tempo eu passo fazendo coisas que me leva em oposição ao que realmente quero? É uma fase dos relacionamentos duradouros, acolhedores, voltados as regras sociais do bom esposo, provedor e não muito carinhoso.
O Mago experimenta a incerteza. O imperador e o papa são processos racionais, que faz com que prevaleça a razão sobre a emoção, perdendo sua conexão com a intuição desperta no começo da jornada com as personagens femininas,a papisa e a imperatriz. Os Enamorados – Nosso herói depara-se com a encruzilhada, quando se encontra dividido entre a razão e a intuição para viver o amor. Qual sensação irá prevalecer diante da busca do amor? Será o jovem tocado pelo coração despertará suas emoções ouvindo sua voz interior? É cobrado dele uma escolha para seguir, o drama do livre arbítrio, capaz de atormentar a consciência com o conflito da eterna dúvida. O que ele ainda não percebeu é que ambas já estão mescladas em todas as experiências já vividas, apenas predominando ora esta, ora aquela. O importante é que nesse momento dê o próximo passo e sai da estagnação dos relacionamentos sem emoção ou de relacionamentos frívolos, baseado no seu direito a liberdade não sabe lidar com a pressão, nem tão pouco com as perdas. É facilmente seduzido e se entregar aos triângulos amorosos. “se criamos tudo o que queremos, porque algo que quero não acontece? O que estou fazendo que contribua para essa paralisação momentânea? ” É preciso coragem para assumir as rédeas da própria vida, é o momento de se lançar a aventura da entrega.
O carro – Resignado e disposto há recuperar o tempo perdido se lança as aventuras amorosas sem compromisso, intenso e irresponsável, sem com isso perder o controle da situação, mas como carruagem precisa de cavalos fortes para correr, também precisa de quem os domine na hora de parar ou acidentes aconteceram. Nessa brincadeira poderá se machucar ou machucar alguém. Não enganamos os sentimentos, apenas fingimos que não existem, por quanto tempo permanecerá fugindo de si mesmo? É necessário ter foco em uma coisa de cada vez para se obter sucesso. Fugir é apenas adiar o encontro inevitável e quanto maior o tempo, maior a dor do que deixou para trás. A mesma coragem que o levou a se libertar da dúvida, poderá levá-lo ao conhecimento verdadeiro do que quer. O mago nesse momento experimentou a paralisação por não ter sabido lidar com as escolha e dúvidas que o levou aos impulsos descontrolados e viver na superficialidade. Percebe que o vazio se instala em sua alma, é hora de recolher-se e repensar no que anda fazendo e ainda não encontrou o verdadeiro amor, colocar na balança o certo e o errado.
A Justiça – No início está confuso e volta a acreditar que ao dar vazão a emoção o levou a perder o rumo caminho, de ser feliz, chega à conclusão que é preciso ter atitudes mais assertivas e seguras, mas já não dá mais para ser só razão, a intuição o leva a questionar suas escolhas, procura ser mais justo, fiel e companheiro. Inicia-se á condição de maior introversão e capacidade introspectiva quando percebe que há sabedoria em seus posicionamentos e entra em um processo cuidadoso de saber onde pisa; com quem está e como está. Torna-se mais seletivo e exigente. O Heremita começa a viagem e as lembranças do que já foi vivido com sabedoria e compaixão com sua história de vida, no entanto, há momentos de melancolia e saudade. “Quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, acorda.” Jung. Os seus relacionamentos nesse momento serão brandos, de poucas palavras, quieto, que não se compromete com promessas e costuma se isolar, mas é bom ouvinte, respeita as diferenças dentro do relacionamento e só toma atitudes depois de muito refletir.
A necessidade predominante do homem é sentir apaixonadamente alguma coisa além das meras preocupações do ego. Qual é o caminho que o conduzira a este encontro? Relacionar-se com o heremita, é a segurança de uma pessoa mais velha que conhece as mazelas da vida e suas armadilhas, mas também um momento de passividade, de uma vida sexual morna, sem aventuras ou conquistas. O nosso maior temor é não nos conhecermos o suficiente e a cada desafio nos é apresentado um novo “EU”, passando por processos de transformação e alargamento da consciência que já não teme a dor da solidão, vive em solitude (é o mergulho no inverno da nossa alma, o recolhimento para olhar nossas ações, escolhas e caminhos a serem traçados e que sua melhor companhia é ele próprio) Buda disse: “O mundo é uma ponte; atravesse-a mas não construa uma casa sobre ela.” É difícil caminhar sem ter para onde voltar. Desse mergulho ele entende que nada pode lhe ser garantido e que os opostos vivem em harmonia entre si, mas entre nós, representa os altos e baixos da vida. É hora de dar um passa a frente, fortalecido pela iluminação interior irá se deparar com a roda da vida, a roda da fortuna.
O nosso herói, o mago, amadurece mediante seu senso de justiça e a introspecção que o leva a compreensão do funcionamento da mente em harmonia com a alma, unificando os dois mundos, a carne e o espiritual ,acreditando estar pronto para viver o amor pleno, sem pressa nem pausa.
A Roda da fortuna – trazem os desafios da vida, relacionamentos com rodopios e reveses que nos pede equilíbrio, diálogo e senso de justiça. O herói deve saber tirar proveito do movimento quando está em seu favor. “Há nas lides (conflitos de interesses) do homem uma maré que, se aproveitada enquanto cheia, o levará á fortura”, Shakespeare. Muitas vezes para saber o que eu quero acabo por provar o que não quero e não gosto. É difícil ao ser humano escolher com convicção de viver o amor sem antes experimentar a perda, a solidão, o egoísmo, a compreensão, etc. A busca pela felicidade é uma atitude inteligente, os meios é que é os problemas, o princípio básico é que ela não cai do céu, é necessário investir tempo, disciplina e atitude diante do cotidiano.
A Força - Vencer o medo, saber que vivemos no limite da tênue linha que separa a força de seguir em frente e o medo da paralisação. Ambos nos mantém vivos, só precisamos saber em que parte do caminho. O desafio está no equilíbrio para sempre nos lembrarmos de que somos humanos. “Representar o que não somos custa muito caro para nossa alma.”
O mago percebe que, invariavelmente, ações sutis repercutem melhor do que as atitudes brutas, é a fase de controlar os impulsos, deixar o velho mago o direcionar com serenidade e equilíbrio, mas há momentos em que perde o controle e se torna agressivo. Seu desafio, domesticar a fera que habita em seu ser, usar sua energia impulsiva, sua alegria e sua força para construir relacionamentos positivos, vigorosos, sexualmente ativos e controlar os impulsos de ciúmes, raiva, medo... Seu desafio, o autocontrole. São excelentes amantes e namorados, mas cuidados que a qualquer momento pode perde o foco e ser inconseqüentes.
O Enforcado - O grito silencioso, sufocado pelo Ego e controlado pela mente, que MENTE, leva nosso herói à dor, ao desamor a si mesmo, estagnação de seus ideais e sonhos de amor, exigindo dele sacrifícios, esgotamento de energia. Entra nas raízes da dor, permanecendo aprisionado diante dos obstáculos que se esquece do desafio. Nesse momento se identifica com a vítima do que da superação. Ter relacionamentos amorosos com pessoas nessa fase da vida é viver uma solidão acompanhada ou ser o próprio sacrificado em nome de um relacionamento ruim, infeliz e não saber como sair dele. Uma vida sem amor, sem esperança, sem prazer, amarrado, literalmente de cabeça para baixo.
A Morte - Se um amor se foi, lembre-se, você está aqui, diante da vida e de novas possibilidades, ainda há tempo.
A morte sugere transformações substanciais, a troca do velho pelo novo. É o momento de aprender com os erros cometidos e criar novos posicionamentos e atitudes para sair da repetição dos mesmos erros onde só troca de pessoa, mas não de história. Lembre-se, o que mata não é o que e sim o quanto. Diante dos obstáculos só existem 2 possibilidades, ou recuamos ou vencemos. Obstáculos não são problemas, são oportunidades de crescermos, não existe maturidade na calmaria, no tudo fácil ou certo. Toda vez que resignificamos nossas experiências passadas, o futuro muda e com ele nossa eternidade.
Diante das transformações que o nosso herói viveu até esse momento, já tem maturidade suficiente para viver um relacionamento baseado no diálogo, no entendimento do outro e de si mesmo, controlando o Ego. É tempo para dizer: Se você errou , peça desculpas... É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender? Se você sente algo diga... É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar alguém que queira escutar? Se alguém reclama de você, ouça... É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você? Se alguém te ama, ame-o... É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz? Nem tudo é fácil na vida... Mas, com certeza, nada é impossível...”Cecília Meireles . Temperança - este arcano lhe convida a mudar de trilho e pegar o próximo trem e saber como termina essa jornada. Acesse o site WWW.almaemagia.com.br e WWW.maraflores.com.br Autor: Mara Flores 05/07/2011
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